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sexta-feira, 7 de maio de 2010

HOMENAGEM AOS EXPEDICIONÁRIOS DA 2ª GUERRA/ Cançao proibida

Não poderia deixar de lembrar que no dia 2 de maio foi o dia do expedicinário. Esse herói anônimo da segunda guerra pelos brasileiros esquecidos. Meu pai é um expedicionário e sei o que eles passaram tanto em São João Del Rei como na Itália. Alguns historiadores estão tentando recuperar o tempo perdido, enquanto alguns expedicionários ainda vivem pra contar a verdadeira história. Existem alguns documentários (poucos) de qualidade. Posso citar o Lapa Azul  de Durval Junior. Vale a pena conferir. Quem se interessar mais sobre o vídeo ver o site do documentario:  www.lapaazul.com/
A música que postei é com a letra oficial da canção dos expedicionários.
Essa que descobri é a letra proibida. Essa letra diz tudo. Comparem a do vídeo com essa.:
Canção Proibida do Expedicionário


(Raridade)







“Canção do Expedicionário”, que no tempo da ditadura, levava à prisão.

São poucas as pessoas que a conhece. Na época que ela foi feita, era proibida a sua divulgação, pois não estava autorizada pelo D.I.P.

Quem a lia, tinha de dizer onde a lera, e quem a tinha no bolso estava irremediavelmente perdido.

É de poeta que não assinou o poema. Ela vem provar que o poeta anônimo que a compôs tinha vastos conhecimentos da caserna e da vida humilde daqueles que compuseram a FEB.





Canção proibida do Expedicionário



Você sabe de onde eu venho?

Venho da roça, do engenho,

Dos pastos, dos seringais,

Venho da terra da maninha,

Da terra que não é minha

Como não foi de meus pais.



Venho lá do alto do moro,

Venho do meio do mato,

Venho da beira do rio,

Venho da praia do mar,

Das febres, do carrapato,

De uma vida de cachorro

Venho da chuva, do frio,

Sem casa pra morar.



Eu venho das grupiaras,

Do calorão das coivaras,

Da friagem dos garimpos,

Meus pés não estão mui limpos

Que andei sobre tejucais,

Que caminhei noite e dia

Na areia, nos cipoais.

Que corri muitas estradas,

Que catrepei num gravatá,

Que andei levando topadas

Nas ladeiras da Bahia,

Nas ruas de Sabará.



Venho de Ilhéus, da Laguna,

Das margens do Paraunas,

Das fazendas de café,

Comi bem de manhãzinha,

Rapadura com farinha

E andei dez léguas a pé.



Venho de longa viagem,

Vim da estação de Triagem

Vim da Rua do Bonfim,

Engoli a gororoba,

Bebi por cima a cachaça,

Vim no “Maria Fumaça”,

Tomei o bonde taioba

Depois do almoço no China.



Vim do Mangue, das restingas,

Das espinhentas caatingas,

Do cume do Bom Conselho.

Venho de perto do inferno,

Venho do serviço interno

Da mina do morro Velho,

Onde trabalho a porfia,

Tirando ouro pro inglês,

A três desastres por dia,

Duzentos mil réis ao mês.



Vim do Rio de Janeiro,

De uma pensão familiar,

Do calor de fevereiro,

Capaz de fundir estanho,

Sem água pra tomar banho,

Nem camisa pra trocar.



Vim já nem sei mesmo de onde

Tanto lugar que nem sei,

Venho do estribo do bonde,

Do guarda-noite solene,

Na fila do querosene,

Que leite nunca comprei.



Venho das noites de Cana,

Das mãos de um tira bacana,

Dos dez mil do carceragem;

Dos “truques” da malandragem,

Da borracha do agrião.

Venho do xadrez molhado,

Dos berros do delegado,

Dos gritos do prontidão.





Vim do “truque” do boteco,

Do samba, do reco-reco,

Venho da forja e do malho,

Vim da farra e do trabalho,

Do quartel e da prisão,

Vim da oficina e da “zona”

Tive até de pedir carona,

Porque não deu o pavão.



Eu donde venho não minto:

Sou da plebe, sou da arraia,

Venho do Pindura Saia,

Venho do Morro do Pinto,

Venho das farras baratas,

Do cordão das gafieiras,

Vim dos braços das mulatas,

Das crioulas bagageiras.



Venho do Brasil inteiro:

Sou jeca, sou jornalista,

Alfaiate, ascensorista,

Sou bacharel sem dinheiro,

Estudante sem vintém,

Já tive uma padaria,

Não sou pouca porcaria,

Sou chefe: chefe de trem.



Venho do Brasil inteiro.

Sou capiau, sou vaqueiro,

Venho do cabo da enxada,

Dos chacos do Corumbá,

Da maleita, da geada,

E da seca do Ceará.



Mas não venho dos cassinos

Onde os rapazes granfinos

Têm fortunas pra gastar.

Não venho da Quitandinha

Onde a classe igual a minha

Não tem direito de entrar.



Vim do Bangu, do Santana

Do Braz, da Aldeia Campista,

Vim a pé, não vim num “jeep”,

Não vim de Copacabana

Nem da Avenida Paulista,

Não vim do D.A.S.P ou do D.I.P.



Não vim pra Quinta Avenida,

Não vim da Coordenação.

Não vim de empregos polpudos,

Vim pra ariscar minha vida,

Vim pra brigar com alemão.



Não venho da “Pátria Amada”,

Não venho do “Céu de Anil”,

Vim do sertão, da queimada,

Do verdadeiro Brasil.

Vim dos brejos e dos rios.

De cercanias agrestes

Eu venho do casarão

De horrores, misérias, pestes

Que é a casa de Correção.



Venho de dores ingentes,

Seguindo um caminho longo,

Buscando melhores dias.

Sou da Arraia, sou da plebe,

Sou neto de Cunhambebe,

Sou neto de Tiradentes,

Sou neto de Manoel Congo

Não sou neto de Caxias.



É melhor que eu não reclame.

Que acabam por me chamar

De “Quinta-Coluna” infame

Se por acaso eu voltar.

5 comentários:

  1. Mais uma que a gente descobre!! Parabéns pelo heroísmo do seu pai, devemos todos orgulharmo-nos muito dele. Não é qualquer um que aguenta tudo o que ele deve ter certamente passado lá na Europa. Soube que muitos ficaram até com sérios problemas psicológicos.

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  2. Curiosamente, sempre a versão "verdadeira", digamos, é mais punjente!

    E vamos reaprendendo a história.

    Abraços,
    Tânia

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  3. Deus deu muita coragem e fé a esses Saudados. Paz para todos ex-combatentes do brasil e do mundo : )

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  4. gostaria de saber porque o site www.lapazul.com está fora do ar, não podemos esquecer esses verdadeirs heróis de guerra, temos de divulgar a verdadeira história brasileira

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  5. Também não sei te falar sobre o site do Lapa Azul. Eu tenho o vídeo Lapa Azul que é um documentário muito bom. São poucos os documentos que contam a história relatada pelo próprio ex-combatente. Esse é um deles.

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