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sábado, 15 de outubro de 2011

"Mestre é aquele que de repente aprende"

Nisso Guimarães Rosa acertou em cheio: "Mestre é aquele que de repente aprende". Hoje,dia do professor, temos muitas perguntas e poucas respostas. Perguntas como: o professor está preparado para acompanhar a tecnologia avançada que leva ao aluno o conhecimento com imagens e vozes, vivo e a cores? Ele acompanha essa mudança rápida do nosso mundo virtual ou continua quadro e giz fazendo ainda o aluno copiar textos do próprio livro ? Já aposentei como professora e do Cemada,onde era Psicopedagoga, mas continuo olhando cadernos e material das crianças. E nessa minha curiosidade de olhar o material das crianças  e conversar com elas, não tenho visto mudança alguma, muito pelo contrário as mudanças estão para pior. Tem muito professor fazendo aluno  de 5° ano copiar um texto inteiro do próprio livro. Com que objetivo? Melhorar caligrafia? Ou passar o seu tempo de trabalhar na sala de aula? Caligrafia já deve ter sido trabalhada nas primeiras séries e pelo visto vai ser coisa do passado. Qual o objetivo dessa cópia? E por aí vai.
Uau! Não quero hoje, dia do professor, falar mal da classe, mas fica uma pergunta: Quem educa os Educadores?
Como está sendo o preparo desses professores? Será que estão sendo preparados para essa mudança radical em todos os sentidos: linguagem, comunicação, mundo virtual, etc.
Fico pensando na minha primeira escola. De todas as escolas que frequentei e trabalhei ( olha que não foram poucas- já dei aula de um lado para outro em muita escola particular e pública de várias cidades desde a zona rural até centro maior) posso falar por experiência: a que continua inovadora e corajosa na minha memória foi uma escola ( Escola Primária Quatro de Novembro- Liceu) que já fechou, porque pertencia a Rede Ferroviária Federal  de  Bicas , uma cidade pequena onde eu estudei e depois foi a primeira escola que trabalhei. Ali meus primeiros professores, começando da minha mãe Nellie, que tive a felicidade de ser minha primeira professora, e todas as outras( Vilma, Tueta,Marlene, Odete, Carmelita) foram minhas grandes mestras para toda minha vida. Nessa escola, já naquele tempo, já se fazia arte, já existia música e clube de pais, já existia encontros para falar poemas e cantar, teatro... E não era moleza não. A gente tinha que aprender a ler, mas ler MESMO sem gaguejar,correntemente. E os conteúdos eram trabalhados e cobrados. Quem não dava conta num ano devia repetir. Ninguém ficou com trauma por isso. O aluno aprendia. Hoje, infelizmente pra economizar pro governo o aluno não pode repetir de ano e vai passando sem saber nada. Chega na Faculdade sem saber ler e escrever.
Hoje, dia do professor, faço um apelo: Professor, assim como fazem greve por melhores salários, lutem por melhores escolas de pedagogia e formação de professores. Como  vão conseguir melhores salários se tem muito professor sem comprometimento com a educação e sem condições mínimas de dar aula? Devem lutar por melhores condições de estudo, exigir estudos complementares para terem condições de serem sujeitos da história, críticos, capazes da desobediência produtiva, no sentido de não aceitar de cabeça baixa reformas de cima para baixo.  O educador, o filósofo, o Pedagogo, o Artista devem ter um papel eminentemente crítico: o de inquietar, o de incomodar, de perturbar, sempre na luta por um mundo melhor.


Escola Primária Quatro de Novembro( Liceu) Bicas
Foto de Amaryldo
Minha homenagem aos grandes educadores que passaram por mim, nas escolas e na vida, nas leituras e nas artes.

4 comentários:

  1. Adorei!!Confesso que me emocionei ao ler seu texto.Concordo com vc. Acho que nós professores precisamos repensar nosso papel .

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  2. Obrigada, Elisete. Precisamos mesmo repensar com humildade para aprender sempre.
    Abraços

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  3. Saudações, Marly! Aqui é o Juninho, amigo da Thaís e do Júnior (Wilson) vulgo "Campestre"...rs Tomei conhecimento do seu texto através de um post no facebook de sua filha, Thaís, sobre o seu blog. Texto interessantíssimo! A começar pela citação de muito bom gosto e de sentido tão profundo: "Mestre é aquele que de repente aprende." Isso é fascinante! Nossa abertura e capacidade de aprender é que determina o avançar, seguir adiante, fazer caminho, se tornar "eminentemente crítico"... Outro ponto fundamental. "Inquietar, incomodar, perturbar..." E isso "por um mundo melhor". Palavras fortes e ricas de significado que deveriam ruflar como bandeiras em nossos corações. Em especial, dos professores, sim. Mas também todo aquele comprometido com uma existência fraterna e cordial numa casa comum que acolha a todos, humanos ou não, e celebra a vida! Penso que a palavra de ordem é mesmo essa: Aprender sempre! Mais e melhor e, no caso dos professores, partilhar aquilo que lhe foi dado conhecer... Caminho possível que, como você mesma sugeriu, exige luta, não no sentido de violência, claro! Mas naquele que envolve o reconhecimento de si como fundamental na construção de uma mundo mais solidário, democrático, generoso, sustentável e fraterno. Caminhemos nessa direção! Um abraço fraternal parabenizando-a pela pertinente reflexão!

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    1. Obrigada Juninho! Gostei imensamente do seu comentário.Suas palavras vieram enriquecer meu texto com muita sabedoria. Quem dera todos nós, cada um do seu jeito, professores ou não, pudéssemos ter essa humildade sábia de estarmos abertos a aprender sempre para partilharmos o que foi aprendido como você disse tão bem.
      abraços

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