Como sempre, tudo que acontece de aterrorizante e dramático atrai a mídia, a TV aproveita pra vender seu peixe, etc, etc. Gostaria de falar só sobre arte, de uma forma mais leve, mas, enfim, viver também é uma arte. Não posso deixar de comentar a barbaridade que ouvi hoje no programa da Ana Maria Braga numa entrevista com uma psiquiatra sobre o caso Eloá. Não sou psiquiatra, mas como educadora, psicopedagoga e cristã aprendi na minha profissão em primeiro lugar a amar e respeitar o ser humano, seja ele pobre ou rico, algoz ou vítima. E o que aquela psiquiatra falou em poucas palavras, de modo simplista, como se o ser humano fosse assim tão simples me deixou atônita.Em primeiro lugar ela já deu o diagnóstico do assassino: psicopata. Isso porque, pelo que li a seu respeito, ela já escreveu um livro sobre o assunto e, então, se julgou capaz de só vendo os fatos pela televisão dar um diagnóstico.É um telediagnóstico. Achei isso um absurdo porque um diagnóstico não é feito assim. Em qualquer doença devem ser estudadas as causas com espírito cientista, afinal, um médico, um psiquiatra é antes de tudo um cientista e como tal ele trabalha com hipóteses que podem ser refutadas de acordo com pesquisas minuciosas do caso, agindo com imparcialidade e sem precipitação. Afinal, um psiquiatra não é uma pessoa comum, que pode se basear em algumas poucas evidências. Pra isso ele estudou, pra se diferenciar do senso comum e tratar os casos cientificamente. Acabei lendo mais sobre o assunto, principalmente alguns textos do Psiquiatra Daniel Martins de Barros e fiquei encantada com a postura sensata e cientista dele. Li um texto que ele fala do viés de confirmação onde as pessoas tiram conclusões erradas e apressadas porque analisam os fatos de uma forma tal que confirme sua própria tese. O assassino pode até ser um psicopata, mas essa conclusão deve ser estudada e analisada em todos os seus aspectos, com imparcialidade, já que é um caso complexo e multifatorial da psiquiatria.
Outra barbaridade dita pela psiquiatra, essa ainda achei pior e mais grave, foi dizer que a única forma de salvar Eloá seria usar um atirador de elite para matar o rapaz.E que isso seria fácil, ela disse, porque várias vezes ele foi até a janela. Isso que dizer que ela, como médica da alma humana, escolhe matar o rapaz que ela mesma disse ser doente( psicopata) porque ele não tem cura, de acordo com teorias mais modernas da psiquiatria. Nisso ela levou seu livro campeão de vendas pra aproveitar e fazer propaganda. Será que essa médica entende mesmo a alma humana? No caso ela também foi a favor do extermínio, foi a favor do mais fácil , que é tirar o doente do caminho. Podemos pensar que assim salvaria as outras vidas? Que a dele é menos importante?Sua opinião de médica pode incitar mais a violência dos policiais que já não é pouca. Aqui já se mata a vontade pra ficar mais fácil. Assim, não ocupa cadeia e livra o mundo de um doente. Fiquei chocada mas, infelizmente, tem muito médico, sem ética, sem amor pelo que faz. Não tenho a solução do que poderia ter sido feito. Ninguém sabe se ele mataria ou não. Essa médica acha que deveria matá-lo porque tem certeza que ele mataria Eloá. Como ela tem tanta certeza assim? Quem garante que ele não matou depois que a polícia entrou no apartamento? São muitas perguntas. Por isso, mesmo com muita falha que existe na nossa justiça, ele tem que ser julgado, preso porque é um perigo pra sociedade. Mas sair matando? Mais violência? É nessa sociedade violenta que as nossas crianças são criadas e muitas vezes transformadas em sociopatas e psicopatas. A psicopatia não depende só de fator genético. A nossa sociedade também tem culpa na formação de nossas crianças.
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