tradutor


domingo, 15 de maio de 2011

SOBRE O LIVRO VIVER E APRENDER

                                                                    
Vi uma reportagem no Jornal Nacional e como professora achei absurda. A reportagem cheia de viés e colocada muito superficialmente para um assunto que merecia mais cuidado, principalmente a crítica feita à educadora Heloisa Ramos, autora do livro causador da polêmica. Estou falando do livro distribuido pelo MEC para alunos da rede pública de ensino: Por uma vida melhor da coleção Viver e Aprender.
A bordagem equivocada diz que o livro ensina o aluno a falar e escrever errado. Simplificaram assim um assunto que vem sendo estudado por pesquisadores da linguística faz tempo. Deveriam ter se informado melhor para fazer tal crítica. Sabemos que a língua é viva e que usamos a linguagem da classe dominante pra entrarmos no mercado de trabalho, nas universidades, concursos etc. O livro não diz que tem que aprender o dito errado já que não existe erro em linguagem alguma. A autora simplesmente teve coragem de mostrar as diferentes formas de falar, coisa que os grandes mestres da linguistica já discutem  faz tempo.Deturparam tudo porque todo mundo se acha no direito de meter o bedelho na educação como se entendesse alguma coisa. Por que não convidaram  grandes nomes e pesquisadores da linguística, como Marcos Bagno, Mario Perini pra discutirem o assunto? Interessante que andam bradando em tudo quanto é meio de comunicação sobre a inclusão social, as diferenças, mas a ideologia da classe dominante não acaba assim não. Ela está presente em tudo principalamente nos meios de comunicação. Quem já deu aulas pra diferentes escolas e em diferentes meios socias sabe do que estou falando. Os alunos que falam sua linguagem própria, das periferias, zona rural, do interior, quando se deparam com a língua dita "culta", da classe dominate, têm um choque cultural, se sentem diminuidos e às vezes se calam para sempre. Calados são mais fáceis de serem dominados não é verdade?
Essa professora quis apenas mostrar que as diferentes formas de falar não são erradas já que a língua é uma criação do homem pra se comunicar. E ela, como o próprio homem,vai se modificando através do tempo. Essa modificação tem que ser mostrada na escola ou vamos fechar os olhos pra tudo de novo que acontece na ciência, na história etc? Se ela ao invés de auxiliar na comunicação estiver segregando, for um instrumento autoritário de repressão e exclusão social melhor seria se não existisse. Infelizmente as nossas escolas ensinam pra fazer concurso, pra passar num vestibular e não fazer do homem um ser humano capaz e melhor. Mas enquanto uma classe dita as normas, que roupa usar, que lingua falar, etc. é papel da escola mostrar que falar diferente não é errado e que a língua é viva e como tal vai se modificando de acordo com a história, a sociedade etc. E se nossos alunos têm que aprender a escrever e falar como a linguagem dita culta pra melhorar seu status social , passar num  concurso etc, que assim seja, mas que não tenham vergonha de sua linguagem, de seus costumes,de sua música, seus regionalismos, pois a nossa riqueza se encontra nas nossas diferenças.
Precisamos de intelectuais orgânicos( ver Gramsci) na nossa educação, aqueles que vão formar uma contra hegemonia capaz de mostrar novos caminhos, preocupados com os problemas sociais e educativos das minorias.

Um comentário:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=X6aVC-zQqL0&feature=player_embedded

    concordo em gênero, nr e grau com o senador....
    só para esclarecer....não sou a favor de discriminar alguém que fala um pouco diferente segundo seu relacionamento social...mas um livro para educar serve para educar e a lingua oficial é o português e parâmetros e regras devem ser impostos para que se tenha um farol a ser seguido...eu mesmo falo vixe maria, pra e outras palavras de acordo com meu costume, mas reconheço que não são corretas....não que deixerarei de falar, mas sei bem qual é o farol para se esrever e falar corretamente, se não o troço vira anarquia, qq um vai poder inventar a língua oficial .....

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