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terça-feira, 8 de março de 2011

CARNABAND - TRISTEZA NO CARNAVAL

Estou de volta depois de muito tempo sem postar nada. É que nem vi o tempo que passou assim num estalar de dedos. Nem notei minha própria ausência. Hoje quis escrever e falar sobre os últimos acontecimentos da região onde moro. Acontecimentos tristes, por sinal. Quem me dera só escrever sobre as coisas boas, sobre samba, suor e cerveja, mas... nem sempre a coisa acaba bem. Destino? Falta de prevenção?
O fato é que um folião desavisado jogou uma inocente,entre aspas, serpentina metalizada pra cima, caiu na rede elétrica e ... pronto. O estrago estava feito. Serpentina metalizada? Que diabo será isso? Como assim? Fiquei me achando mesmo antiga. Explicaram na reportagem: é uma fita de papel  mais larga que a velha e inocente serpentina antiga, com um laminado de um lado da fita. Parece mentira que essa inocente fitinha dourada fez todo o estrago. Caiu no fio que deu curto por conta desse laminado. O fio caiu em cima do trio elétrico que mais elétrico ficou, eletrizando todo o carro e chicoteando quem estava por perto. Resultado:  dezesseis mortes e mais cinquenta feridos. Adolescentes que foram brincar um pre-carnaval e não mais voltaram pra casa. A pequenina cidade de Bandeira do Sul ficou arrasada enterrando seus filhos. Se essa tal de serpentina é assim perigosa por que isso não foi visto antes de lançar no mercado. Sempre me preocupa festas desse tipo, na rua, com aparelhagens de som enormes, com fios espalhados pra todo lado, nem sempre com a segurança necessária. Isso é o novo carnaval. E a cidades pequenas deixaram seus carnavais folclóricos e bucólicos pra trás e querem correr também atrás do trio elétrico pra não morrer e pra se igualarem aos grandes centros. A banda de rua, o bloco de sujo, deixaram de existir pra colocar na rua os trios barulhentos enormes e sem graça porque na maioria das vezes colocam o som eletrônico sem músicos. Hoje tem que ser tudo eletrônico pra ter valor. E quanto mais alto melhor. Um trio que não é nosso com uma música que também não é. Um carnaval sem história, copiado de outro estado. Que pena! Mais pena sinto das famílas que perderam seus filhos por correram atrás do trio elétrico, porque "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu." Que ironia! E o carnaval tem que continuar atropelando, massacrando, arrebentando, pisoteando porque é assim que vale. E os filhos de Bandeira perderam a vida pra levantar a bandeira e todo mundo prestar mais atenção nas pequenas coisas inocentes e perigosas, naquilo que é vendido no carnaval ou fora dele. Agora é tarde. Só resta lamentar e pedir pra que as autoridades não deixem pra agir depois do leite derramado.
É mais um carnaval que se vai deixando na lembrança de todos de Bandeira do Sul e região um rastro de morte e dor que poderia ter sido evitado.

Um comentário:

  1. Muito triste tudo isso, Marly. E eu estou aqui em Salvador, mas já morri porque não vou atrás do trio elétrico. Fico imaginando a dor da família dessas pessoas.
    abraços,

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